quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Justiça incorrigível


O guião dos pecados da Justiça é conhecido: leis desadequadas à realidade (sem efeito dissuasor dos crimes que a cada momento mais prejudicam a sociedade); lentidão (prescrições que deixam criminosos sem castigo); desigualdade (forte com os fracos e fraca com os fortes); corporativa (o autogoverno tende a desculpar o erro e a justificar a negligência). É este caldo de irresponsabilidade diligentemente cozinhado nos últimos vinte anos por sucessivos governos – que permite a pavões como Vale e Azevedo passearem alegremente nos mais finos bairros de Londres e a tarados como Miguel Forte acreditarem que podem impunemente abusar sexualmente de crianças.
O ex-presidente do Benfica ri-se da inépcia da Justiça portuguesa – que o deixou sair do País sem conseguir julgá-lo por todos os crimes de que era acusado e, pelos vistos, vai deixá-lo em paz por mais sete milhões metidos ao bolso. Mais do que inépcia, o caso do pedófilo Miguel Forte revela pura negligência do juiz que o libertou da primeira vez que foi detido. A nossa Justiça é assim: incorrigível.
MANUEL CATARINO
Correio Manhã, 20 Setembro 2012

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