sexta-feira, 31 de março de 2006

A ânsia reformista

Os Ministros da Administração Interna e da Justiça, a acreditar no que ultimamente vem sendo noticiado, estão de candeias às avessas por causa das competências dos serviços policiais deles dependentes.
Discute-se onde devem sedear-se os gabinetes nacionais da Interpol e Europol e também qual a entidade policial que deve comandar as operações de reposição de ordem pública, em caso de incidente inesperado – por ex., um sequestro, um assalto à mão armada a uma instituição bancária.
O Ministério da Justiça pretende manter aqueles gabinetes no âmbito da Polícia Judiciária, não apenas por ter sido tradição mas também pela ligação da actividade da Interpol e da Europol à apreciação de questões jurídicas ou de preparação de decisão judicial, para que está mais vocacionada. Ao que parece também pretende comandar, no local, as operações que respeitem à prática de crimes graves da sua competência exclusiva de investigação.
Pelos vistos, o Governo já cedeu quanto ao primeiro ponto em favor da opinião da PJ e parece-me bem. Quanto ao segundo está pendente de decisão do Primeiro-Ministro.
Não me surpreenderia um empate: Justiça 1, Administração Interna 1, até porque quanto à nomenclatura também já estão empatados.
O que já surpreende é a ânsia reformista que de um momento para o outro tudo invadiu.
Longe de mim a oposição às medidas que visem melhorar o funcionamento da Administração, vencer o anquilosamento de serviços repletos de rotinas, que funcionam sobre si mesmos e não para os cidadãos, em que tudo cai na burocracia e esquecimento.
Mas não sou adepto de medidas a cordel em que cada ministério anda a ver quantas mais anuncia. E muito menos de ir suscitar questões que venham trazer crispação mais do que a normal entre serviços e que deixam marcas de que cada instituição se ressentirá.
Talvez umas pausas para reflexão, com mais parceiros e sem o duche frio do anúncio repentino de que Governo vai fazer... fossem benvindas. Sim porque o cidadão aprecia muito mais as pequenas medidas que lhe podem simplificar a vida do que estas guerras de Arlequim.

1 comentário:

Simas Santos disse...

Meu amigo:
Pelo andar da carruagem só podemos saudar a sua capacidade de antevisão... quanto ao caminho que se seguiria.