sábado, 10 de setembro de 2005

Humor

Estava colocado como juiz de direito na comarca de Moncorvo, corria o ano de 1977. Era um outono frio e estava recolhido no meu gabinete, quando fui chamado para um julgamento sumário.
Um cidadão apressado, de fora da vila, tinha-se dirigido ao Cartório Notarial e deparara-se com a porta fechada ao público, antes do que esperava.
Bateu à porta sem resultado e passou a pontapeá-la até que o ajudante do Cartório veio explicar a razão da aparentemente antecipada clausura.
Não convenceu o cidadão, que vociferou: "seu reles ordinário".
Efectuada a detenção e a participação, foi presente no Tribunal para o falado sumário.
No julgamento, perguntado sobre os factos, respondeu-me o cidadão que não, que não proferira tais palavras e explicou-se: «confrontado com a repartição fechada antes do que esperava, por via das novas regras, limitara-se a lamentar mansamente, dizendo: "que arrelia de horário"» .
Escusado será dizer que o seu defensor pediu para falar a sós com ele, que veio depois a confessar tudo, em prole da pena suspensa...

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