Não esperava ter de sair tão cedo!
Mas ao ouvir culpar uma vez mais os advogados pelos atrasos da Justiça, não resisto.
Dirão que o faço por uma razão «corporativa»: seja. Admito que se não fosse advogado, talvez isso me fosse indiferente.
Dirão que há razão na acusação que é feita e que eu nunca terei razão na defesa que sustento: seja. Reconheça-se que mesmo nas causas perdidas há sempre algo a dizer.
Mas o que está em causa nisto tudo é uma coisa diferente e essa chama-se uma questão de critério. Não está em causa o saber se há culpados, está em causa o modo como eles são achados.
Venha o debate sobre as causas dos atrasos na Justiça; venha mesmo a grande sindicância sobre os culpados quanto a esses atrasos, para que se culpem classes profissionais inteiras ou se atem ao pelourinho da infâmia profissionais em concreto.
Mas não venha este desagradável método de agir: uma justiça que acha assim os seus «culpados», dá má imagem de si própria.
Venham para o debate - se se quiser debater - análises concretas, baseadas em estatísiticas inquestionáveis, em observatórios independentes e então sim, debateremos.
Agora vacuidades é que não! E sobretudo em ambiente eleitoral, ainda menos.
Desculpem a intromissão. Não esperava ter de sair tão cedo e ainda por cima de toga vestida. Mas, se está em causa ganhar eleições numa corporação, façam o favor de não atacar as outras. Eu sei que a Ordem dos Advogados também nem sempre deu os melhores exemplos.
Mas, até por isso, alguém terá um dia que marcar a diferença. Já não é sem tempo.
Num sistema em que a doença dos advogados não é motivo de adiamento de nada, é irónico verificar-se que é por causa deles que isto não anda. Se calhar é porque, andando a trabalhar engripados, griparam o sistema. Desculpem a ironia. Na próxima, vamos falar a sério!
1 comentário:
Boa “pitada de sal”, Dr. José António Barreiros. Mesmo que a resposta não surja, ou não surja logo, fica o eco, e este lá fica a ressoar até que, às vezes, incomoda mesmo e algo acontece. Parabéns pela estreia!
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