Antigo ministro das Finanças garante que não tem nada a ver com
o caso Monte Branco e que não foi constituído arguido
O
Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados (CDLOA) condenou ontem a
"reiterada violação do segredo de Justiça" e anunciou que vai pedir
audiências urgentes à ministra da Justiça e à procuradora-geral da República. A
reunião foi convocada de urgência depois de a imprensa ter noticiado ontem
buscas da PJ à casa do fiscalista Medina Carreira, no âmbito da investigação de
um caso de fuga ao fisco e branqueamento de capitais, mais conhecido por Monte
Branco.
Sem
comentar o caso em concreto, o presidente do Conselho Distrital de Lisboa da
Ordem dos Advogados, Vasco Marques Correia, condenou a "reiterada violação
do segredo de Justiça" por "todos" os agentes processuais, numa
conferência de imprensa, no final da reunião plenária. Vasco Correia lamentou
que, "para se vender papel, se digam mentiras" e que "um
conjunto de averiguações seja escarrapachado nos jornais".
Para o
presidente do CDLOA, a violação do segredo de Justiça, apenas serve o
"interesse" de quem quer que "os processos não cheguem a uma
conclusão". Os pedidos de audiências seguirão na próxima semana.
A casa
e o escritório do fiscalista e antigo ministro das Finanças Henrique Medina
Carreira foram alvo de buscas da PJ anteontem, aparentemente devido a
informação surgida no âmbito da investigação do caso Monte Branco, relativo a branqueamento de
capitais e fuga aos impostos. Medina Carreira confirmou as buscas à agência
Lusa e ao Diário de Notícias -
que avançou a notícia ontem, tal como o semanário Sol -, mas negou ter qualquer relação com aquele escândalo
financeiro. O ex-presidente do Sport Lisboa e Benfica Manuel Vilarinho também
terá sido alvo de buscas nesta operação, segundo o Correio da Manhã.
Em
comunicado, o Departamento Central de Investigação e Acção Penal esclareceu,
entretanto, apenas que uma pessoa foi detida na sequência das recentes buscas
no âmbito da operação Monte Branco,
que visaram não só suspeitos de beneficiarem dos fundos, mas também pessoas que
acredita terem tido "mera intervenção" na circulação do dinheiro. Sem
revelar nomes, o DCIAP adianta apenas que a pessoa detida foi presente a
primeiro interrogatório judicial, tendo ficado em prisão domiciliária.
Juntamente
com a PSP e a Inspecção Tributária, o DCIAP realizou entre terça e quinta-feira
21 mandados de busca envolvendo pessoas e sociedades "conexas com a
actividade de construção civil, compra e venda de imóveis e de consultoria na
área financeira". "As pessoas e sociedades visadas no referido
conjunto de diligências não eram apenas as suspeitas de serem as beneficiárias
dos fundos, mas também algumas apenas suspeitas de terem tido mera intervenção
na sua circulação, sem que o simples facto de terem sido visadas pelas
diligências de busca signifique a sua responsabilização no futuro",
sublinha.
Medina
Carreira garante que está tranquilo. "Estiveram a analisar os dados
informáticos e não encontraram nada, como não podiam encontrar", disse à
Lusa este conhecido consultor e comentador de assuntos políticos e económicos,
que se tem destacado nas televisões por ser uma das personalidades que mais têm
pedido responsabilidades à classe dirigente pela actual situação de financeira
do país.
Medina
Carreira explicou que "não tem muito a dizer" sobre o caso, apenas
que foi procurado, na quinta-feira, de "surpresa, pelas autoridades
policiais e [Polícia] Judiciária" na sua casa, onde fizeram "uma
busca muito minuciosa, felizmente, no escritório". "Não fiz nada. Os
processos têm um início e um fim. Estou absolutamente tranquilo, não fiz
nada", disse ao DN. Disse
também que não foi constituído arguido. PÚBLICO/Lusa
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