sábado, 8 de dezembro de 2012

Buscas da PJ a Medina Carreira levam advogados a pedir reuniões urgentes com ministra e PGR

08/12/2012 - 00:00
Antigo ministro das Finanças garante que não tem nada a ver com o caso Monte Branco e que não foi constituído arguido
O Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados (CDLOA) condenou ontem a "reiterada violação do segredo de Justiça" e anunciou que vai pedir audiências urgentes à ministra da Justiça e à procuradora-geral da República. A reunião foi convocada de urgência depois de a imprensa ter noticiado ontem buscas da PJ à casa do fiscalista Medina Carreira, no âmbito da investigação de um caso de fuga ao fisco e branqueamento de capitais, mais conhecido por Monte Branco.
Sem comentar o caso em concreto, o presidente do Conselho Distrital de Lisboa da Ordem dos Advogados, Vasco Marques Correia, condenou a "reiterada violação do segredo de Justiça" por "todos" os agentes processuais, numa conferência de imprensa, no final da reunião plenária. Vasco Correia lamentou que, "para se vender papel, se digam mentiras" e que "um conjunto de averiguações seja escarrapachado nos jornais".
Para o presidente do CDLOA, a violação do segredo de Justiça, apenas serve o "interesse" de quem quer que "os processos não cheguem a uma conclusão". Os pedidos de audiências seguirão na próxima semana.
A casa e o escritório do fiscalista e antigo ministro das Finanças Henrique Medina Carreira foram alvo de buscas da PJ anteontem, aparentemente devido a informação surgida no âmbito da investigação do caso Monte Branco, relativo a branqueamento de capitais e fuga aos impostos. Medina Carreira confirmou as buscas à agência Lusa e ao Diário de Notícias - que avançou a notícia ontem, tal como o semanário Sol -, mas negou ter qualquer relação com aquele escândalo financeiro. O ex-presidente do Sport Lisboa e Benfica Manuel Vilarinho também terá sido alvo de buscas nesta operação, segundo o Correio da Manhã.
Em comunicado, o Departamento Central de Investigação e Acção Penal esclareceu, entretanto, apenas que uma pessoa foi detida na sequência das recentes buscas no âmbito da operação Monte Branco, que visaram não só suspeitos de beneficiarem dos fundos, mas também pessoas que acredita terem tido "mera intervenção" na circulação do dinheiro. Sem revelar nomes, o DCIAP adianta apenas que a pessoa detida foi presente a primeiro interrogatório judicial, tendo ficado em prisão domiciliária.
Juntamente com a PSP e a Inspecção Tributária, o DCIAP realizou entre terça e quinta-feira 21 mandados de busca envolvendo pessoas e sociedades "conexas com a actividade de construção civil, compra e venda de imóveis e de consultoria na área financeira". "As pessoas e sociedades visadas no referido conjunto de diligências não eram apenas as suspeitas de serem as beneficiárias dos fundos, mas também algumas apenas suspeitas de terem tido mera intervenção na sua circulação, sem que o simples facto de terem sido visadas pelas diligências de busca signifique a sua responsabilização no futuro", sublinha.
Medina Carreira garante que está tranquilo. "Estiveram a analisar os dados informáticos e não encontraram nada, como não podiam encontrar", disse à Lusa este conhecido consultor e comentador de assuntos políticos e económicos, que se tem destacado nas televisões por ser uma das personalidades que mais têm pedido responsabilidades à classe dirigente pela actual situação de financeira do país.
Medina Carreira explicou que "não tem muito a dizer" sobre o caso, apenas que foi procurado, na quinta-feira, de "surpresa, pelas autoridades policiais e [Polícia] Judiciária" na sua casa, onde fizeram "uma busca muito minuciosa, felizmente, no escritório". "Não fiz nada. Os processos têm um início e um fim. Estou absolutamente tranquilo, não fiz nada", disse ao DN. Disse também que não foi constituído arguido. PÚBLICO/Lusa

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