sexta-feira, 19 de novembro de 2004

Conselheiro ou as inimigas da (juris)prudência

(...) O conselheiro há-se ser prudente e secreto, sábio e velho, amigo e sem vícios, não cabeçudo, nem temerário, nem furioso. Quatro inimigas tem a prudência: primeira, precipitação; segunda, paixão; terceira, obstinação; quarta, vaidade. A primeira arrisca, a segunda cega, a terceira fecha a porta à razão, a quarta tudo tisna (...)

[in Arte de Furtar, atribuída ao Padre António Vieira ] (envio amigo do CM)

2 comentários:

josé disse...

Um Conselheiro, modelo de virtudes?!
A prudência como mãe de todas elas?!
Nã! Para mim, se fosse julgado, bastava-me uma pessoa normal, com o curso de Direito normalmente tirado e que fosse simplesmente...honesta!

Honestidade significa ser real, genuino, autêntico, de boa fé. Desonestidade significa ser falso, fictício, forjado, hipócrita. Ou seja, o retrato acabado do filho da puta, de que fala Alberto Pimenta.

Não me interessa ser julgado por um filho da puta prudente. A si, interessa-lhe?

Simas Santos disse...

Comentário de José num post em Incursões

«josé diz...
Compadre:

Por falar em prudência, no outro dia, deixei um comentário acrimonioso ( mas sem má intenção e muito menos pessoalizado em a ou b), a propósito dessa virtude como sendo apanágio do bom Conselheiro.

Colei o termo Conselheiro ao supremo estádio da magistratura para dizer que não me parecia que essa fosse a virtude das virtudes, para quem decide o direito e os direitos de outrém. Argumentei singelamente que me parecia muito mais valiosa enquanto virtude para esse cargo e encargo, a honestidade, como pedra basilar do carácter. Disse-o, porque assim o penso: pouco me importa a prudência de um julgador se ela não se nortear pela honestidade.

Porém, não acrescentei algo que completava o escrito: um Conselheiro também pode ser o que dá conselhos avulsos e a pedido. Aquilo que em gíria se pode designar como um "homem bom"( ou mulher, mas nesse caso cum grano salis no que se refere ao adjectivo).
E nesse caso, de facto, a prudência parece ser um bem precioso.
E estou de acordo com o bom casamento entre o tipo prudente e a desejada solidariedade.Mas não chega para a harmonia do lar. Como enxoval sugeria a sabedoria e o
espírito empreendedor.

22.11.04»