Todos iguais, todos diferentes
Viajar e sobretudo viver noutras culturas, expande horizontes e permite apreender diferenças que, de outra forma, não seriam perceptíveis. Começa porque, até mesmo debaixo do verniz da língua comum, existem diferentes dialectos ou acentos. Mas é mais profundo do que isso. Descobri com o tempo que existem mensagens subliminais específicas – conhecimento social tácito – que caracterizam o comportamento dos povos. Em pelo menos parte dos Estados Unidos, por exemplo, prevalece a cultura do ser individualmente responsável pelos seus actos, de que o indivíduo pode fazer a diferença, de que o nosso futuro só depende de nós. Tais crenças parecem contraditórias com aquela imensidão de território e de pessoas e com uma “máquina” da lei omnipresente e avassaladora. E com o facto da opinião pública parecer seguir colectivamente modas, “flip-flopping” com o vento. Mas, quase todos as seguem, resultando numa pobreza de diversidade de opinião que impressiona. Na Alemanha, surpreende a cultura do silêncio, do só falar quando relevante e só quando se tem a certeza do que se vai dizer, do pensar antes de falar, do planear antes de começar a fazer e do dizer “não” e não “sim”. Em Portugal, surpreende a cultura do dizer sim, mesmo quando as partes preferiam dizer não, de começar a fazer antes de se pensar o que se quer fazer, de reverenciar o que vem de fora ou de cima, de ter medo de arriscar dizendo algo novo e sobretudo de ter medo de perder a face ao fazê-lo. Vá se lá entender tudo isto … mas é bom sabê-lo.