O Governo bem poderá vir a "culpar" o
Tribunal Constitucional pelo falhanço que o aguarda em 2013 mas isso não passará
de 'spinning'.
No dia em que se faz a
votação final global do OE para 2013 há uma série de dados que já temos e cujas
consequências são largamente inevitáveis.
Parece inevitável que o
Presidente se recusará a enviar o OE para o Tribunal Constitucional. A
referência, pública, "às pressões de vinte corporações e mais de cem
individualidades para que (...) enviasse o Orçamento do Estado para o Tribunal
Constitucional" mostram bem que o Presidente, como de costume, não viu
além de si próprio.
Parece igualmente
inevitável que o OE irá parar ao Tribunal Constitucional pela mão dos
deputados. E convém dizer que, ao contrário dos cortes nos subsídios, o aumento
do IRS, porque este é um imposto de formação sucessiva, pode ser declarado
inconstitucional para o ano todo, mesmo que a decisão venha a ser tomada em
Abril ou Maio.
Também é sabido que,
mesmo com mais 2,8 mil milhões de euros de receita de IRS, o OE para 2013 é
incumprível.
Isto significa que o
Governo bem poderá vir a "culpar" o Tribunal Constitucional pelo
falhanço que o aguarda em 2013 mas isso não passará de 'spinning', algo em que
o Governo é demasiado bom.
O grau de dor provocado
pelo OE 2013 será o maior alguma vez visto. Em 2012 muitas famílias fizeram a
redução que puderam nas despesas, venderam um ou outro bem, recorreram às
poupanças. Em 2013, para muitas delas, já nada restará.
Isto vai colocar uma
pressão tremenda sobre a resposta social. E como é que o Governo vai reagir a
essa procura acrescida por respostas sociais? Cortando em 4 mil milhões de
euros as verbas da despesa social. Qualquer coisa como metade de toda a despesa
de Educação prevista para 2013. Ou um sexto da despesa da segurança social.
Os ajustamentos
pró-ciclicos, palavrão que quer dizer juntar à recessão económica uma contração
da despesa pública, nunca funcionaram. Nunca. Em lado algum. E também não vão
funcionar em Portugal em 2013. Como não funcionaram em 2012. Infelizmente, é
fácil acertar esta.
Costuma dizer-se que
insanidade é fazer a mesma coisa uma e outra vez e esperar resultados
diferentes. A não ser, claro, que o resultado pretendido sempre tenha sido
este.
Marco Capitão Ferreira, Jurista | Económico | 27-11-2012.
Sem comentários:
Enviar um comentário