domingo, 23 de julho de 2023

<>A roleta voltou a girar

Francisco Louçã 

23 de Julho de 2014, 11:30

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No verão de 2007 descobriu-se que os bancos com que vivemos estavam cheios de lixo. Tóxico, disseram os analistas. No ano seguinte começou a terapia para os salvar, injetando dinheiro. Foram 592 mil milhões de euros nos bancos europeus, entre 2008 e 2012. E depois acalmou, mas o dinheiro ficou lá. Os Estados, endividados, subiram impostos para pagar a conta (ou cortaram salários e pensões). Ou fizeram as duas coisas. Em Portugal, isso foi um contributo para o aumento da dívida pública, que chegou agora a 132,9%, segundo os dados do Eurostat da semana passada.

No nosso caso, para a banca foram modestos 5 mil milhões, mais garantias quatro vezes superiores. Só que não se contava com o Grupo Espírito Santo, que entretanto destapou dívidas que podem chegar a 7 mil milhões, segundo os analistas. O carrossel da dívida voltou a girar e começaram as falências.

Ricardo Salgado, o rosto da montanha de dívida, terá recebido uma prenda de 14 milhões por um negócio angolano e terá uma pensão de 900 mil euros anuais. Adivinhe quem são os burros de carga.


<>Vírus

23 de Julho de 2014, 07:00

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OPrimeiro-ministro está em Timor, após excitante passagem por Sri Lanka. O Vice-Primeiro Ministro está em Angola. A Ministra das Finanças estará de férias, segundo a imprensa. O Ministro dos Negócios Estrangeiros acompanha o Primeiro-ministro em Timor na Cimeira da CPLP, onde está também o Presidente da República. Evento onde entrará como membro de corpo inteiro o ditador Teodoro Obiang da Guiné Equatorial, país lídimo representante da LP (Língua Portuguesa).

Parece que, por estes dias, o chefe do Governo em Portugal será o Ministro da Defesa Nacional. Será caso para dizer (tal como o próprio Aguiar Branco disse no Congresso do seu partido), cuidado com os vírus…

<>O BES em maré de azar

Ricardo Cabral 

23 de Julho de 2014, 00:12

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No próprio dia em que o BES anuncia que a nova direcção do banco será assessorada pelo Deutsche Bank (DB), que a aconselhará sobre a reestruturação do balanço do BES, o Wall Street Journal publica um artigo[1] que informa que o Banco da Reserva Federal de Nova York notificou o Deutsche Bank por escrito, após inspecção, de sérios problemas, referindo que os relatórios financeiros das sucursais americanas do DB são “de fraca qualidade, imprecisos e não são de confiança”. De acordo com o Wall Street Journal:

“Deutsche Bank’s giant U.S. operations suffer from a litany of serious problems, including shoddy financial reporting, inadequate auditing and oversight and weak technology systems”

O Deutsche Bank é o banco com maior exposição a derivados no mundo (≈$75 biliões) e tem rácios de capital baixos. Em 2013 e 2014 viu-se forçado a aumentar o capital, tal como fez recentemente o BES (Fonte: Zero Hedge).

Claro que a qualidade da assessoria que o BES vai receber tem pouco a ver com esses factos e com certeza que os consultores do Deutsche Bank serão muito experientes e conhecedores. Mas será que o BES não conseguiria arranjar outros assessores com balanços mais conservadores para o aconselhar sobre o que fazer com o seu  balanço?

 

[1] Disponível também aqui.