26 Julho 2012 | 10:45
Sara Antunes - saraantunes@negocios.pt
A OCDE considera que,
"no médio prazo", o Governo terá de elevar os salários dos funcionários
públicos qualificados. Só assim será possível tornar atractivo o
trabalho na Função Pública, numa altura em que a "capacidade do Governo
implementar políticas depende crucialmente da capacidade dos seus
funcionários", alerta.
"É um problema difícil, porque as contas públicas estão em dificuldades mas, para o Estado ser eficaz a implementar as suas políticas, o que é obviamente crucial para toda a economia, necessita de pessoas muito qualificadas", afirmou à Lusa David Haugh, principal responsável pelo Relatório sobre a Economia Portuguesa, hoje divulgado.
“A margem de manobra actual do Governo é extremamente limitada, mas, no médio prazo, as tabelas salariais devem ser aumentadas e devem ser introduzidos contratos individuais mais flexíveis” para os especialistas, de acordo com o relatório.
"Pensamos que não é algo que possa ser resolvido no curto prazo, porque o Governo tem outras prioridades e tem de restabelecer a credibilidade orçamental. A margem para aumentar ordenados agora é praticamente zero", acrescentou Haugh em declarações à agência de informação nacional.
"Mas, no outro extremo salarial, o Governo está a pagar um prémio aos trabalhadores menos qualificados, e devia tentar reduzir isso, porque acaba por fazer pressão sobre o sector privado e criar problemas de competitividade."
“Aumentar as tabelas salariais vai levar a que a remuneração do sector público fique mais em linha com o sector privado, o que ajudará o governo a continuar a atrair e a manter mão-de-obra altamente qualificada”, adianta.
Haugh considera, no entanto, que a questão não se põe apenas a nível de salários. "É também uma questão de flexibilidade contratual, porque alguns [funcionários] podiam trabalhar em 'part-time' para o Estado, quando não haja questões de incompatibilidade", disse o economista-chefe para Portugal da OCDE. "No caso de um académico que não quisesse deixar o seu posto, o Estado pagaria apenas três dias por semana, por exemplo."
(Notícia em actualizada às 11h05 com mais prromenores do relatório e delcarações de David Haugh à Lusa)