por Lusa, publicado por Luís
Manuel Cabral
Leonor
Cipriano, que cumpre uma pena de 16 anos de prisão pelo homicídio da filha
Joana, conhece hoje a decisão do Tribunal de Faro no processo em que é acusada
de prestar falsas declarações.
A mãe da menina, desaparecida na
aldeia da Figueira, em Portimão, a 12 de Setembro de 2004, apresentou
diferentes versões sobre as alegadas agressões de que foi vítima nas
instalações da Polícia Judiciária de Faro, naquele mesmo ano.
As declarações contraditórias
foram proferidas durante o julgamento, em 2009, dos inspectores da PJ que
investigaram o "caso Joana", alguns atualmente já ex-agentes.
No acórdão, o coletivo de juízes
considerou "flagrantes e relevantes as contradições em que incorreu"
Leonor Cipriano nas declarações que produziu nas sessões do julgamento, embora
tivesse tido a "oportunidade de revelar a verdade".
"Leonor Cipriano mentiu
quanto à forma como lhe bateram, quanto à identificação das pessoas que lhe
bateram, quanto ao tempo e ao modo como revelou que lhe tinham batido, enfim,
mentiu em todos os aspectos essenciais das declarações que prestou",
sublinhava o acórdão.
A decisão deu como provadas as
agressões, embora sem que se tenha apurado a identidade dos agressores e
determinou a condenação de dois dos cinco arguidos no processo.
Gonçalo Amaral, ex-coordenador do
Departamento de Investigação Criminal da PJ de Portimão, foi absolvido do crime
de omissão de denúncia e condenado a um ano e meio pelo crime de falsidade de
depoimento, com pena suspensa por igual período.
O inspetor António Nunes Cardoso
foi condenado a dois anos e três meses por falsificação de documento, com pena
suspensa por dois anos.
Os ex-agentes da PJ Paulo Pereira
Cristovão e Leonel Morgado Marques e Paulo Marques Bom, que estavam acusados de
ter torturado Leonor Cipriano nos interrogatórios realizados na PJ de Faro,
foram absolvidos.
Leonor Cipriano e o irmão, João
Cipriano, foram condenados pelo Supremo Tribunal de Justiça a 16 anos de prisão
cada um, pelos crimes de homicídio e ocultação do cadáver de Joana.
Diário de Noticias, 14-03-2013