por lusa Hoje
A ministra
da Justiça anunciou que está a ser ultimado um plano para criar cerca de 2000
novos lugares nas cadeias, aumentando significativamente o número de vagas para
combater a sobrelotação no sistema prisional.
"Estão
neste momento já em curso obras muito significativas em Caxias, Alcoentre,
Viseu, Açores (Angra do Heroísmo). Isto a titulo de mero exemplo", disse
Paula Teixeira da Cruz, que falava no Centro de Estudos e Formação Penitenciária,
em Caxias, na comemoração do Dia do Pessoal dos Serviços Prisionais.
Segundo
dados de 15 de junho, existiam 13.307 reclusos no sistema prisional português.
De acordo
com a ministra, a "opção é clara", em vez da construção de "mega
cadeias, com custos elevadíssimos para os cofres do Estado", a solução
passa pela "requalificação e ampliação da estruturas penitenciárias
existentes e, sempre que possível, com recurso à mão de obra prisional".
Por esta via
- frisou - oferece-se "remuneração, qualificação e formação" aos
reclusos, conciliando-se de "forma coerente" o interesse público com
a dignificação do cidadão recluso.
No domínio
da reinserção profissional e social dos reclusos, sublinhou que há 2.613 presos
em formação escolar, nos mais variados níveis de ensino, e cerca de 1.000 em
formação profissional. Paralelamente, mais de 4.500 reclusos participam em
actividades laborais, sendo que 22 por cento trabalham para entidades externas.
"Preparando
desta forma a sua plena integração no mercado de trabalho, 70 por cento dos
reclusos têm plano individual de readaptação aprovado. E é nisso que temos de
continuar a apostar", enfatizou Paula Teixeira da Cruz.
Na presença dos
principais responsáveis do sistema prisional e do presidente do sindicato da
guarda prisional, Jorge Alves, a ministra realçou também o reforço dos meios
humanos, com o novo curso para admissão de 240 guardas prisionais que teve
inicio em 27 de Abril de 2012.
Além deste
"esforço financeiro considerável" por parte do Ministério da Justiça,
a ministra revelou a intenção de adquirir 40 novas viaturas celulares, que
deverão ser disponibilizadas ainda este ano
Num dia
importante e simbólico para o pessoal dos serviços prisionais, Paula Teixeira
da Cruz anunciou ainda que, a par da nova Lei Orgânica, está a negociar com o
Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional um novo Estatuto, que "irá
permitir dignificar aqueles profissionais."
Sobre a nova lei
orgânica, a ministra revelou que o diploma prevê a possibilidade dos guardas
prisionais, com as qualificações necessárias, virem a dirigir estabelecimentos
prisionais, naquilo que será uma mudança de paradigma.
Estas
mudanças ocorrem numa fase crucial da revisão das Leis Orgânicas dos Serviços
Prisionais e dos Serviços de Reinserção Social, unificando num só organismo
duas Direcções Gerais.
"Com a nova
lei orgânica pretende-se, de forma definitiva, deixar de lado uma prática tão
corrente na Administração Pública de cada serviço pretender resolver
isoladamente os problemas. Agora vão passar a ser um só serviço, melhorando o
serviço público prestado, eliminando zonas cinzentas de actuação, ou seja,
conflitos negativos ou positivos de competências", explicou Paula Teixeira
da Cruz.
Políticas
activas de inclusão social e o melhoramento da prestação de cuidados de saúde
foram outros aspetos abordados pela ministra, que alertou para a necessidade de
racionalizar os meios, eliminar o desperdício e combater a fraude e corrupção,
que só na área do medicamento já permitiu uma poupança aos cofres do Estado na
ordem dos 2,5 milhões de euros, tudo isto "sem qualquer diminuição dos
cuidados de saúde à população reclusa.
As comemorações
contaram com intervenções do diretor-geral dos serviços prisionais, Rui Sá
Gomes, do presidente da associação de diretores e adjuntos prisionais e do
presidente do sindicato da guarda prisional, tendo havido demonstrações das
equipas cinotécnicas, em que cães devidamente treinados exibiram a sua destreza
para encontrar drogas, armas e para ajudar os guardas a anular diversos perigos
inerentes à profissão.
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