O
senhor Abebe Selassie, o rosto do FMI no resgate, sublinhou que é “muito
importante” que o Orçamento esteja de acordo com as regras da Constituição. A
afirmação politicamente correta esconde a realidade: o FMI respeita a decisão
do Tribunal Constitucional, mas se houver chumbo o Governo tem de encontrar
alternativa. Se não for na despesa, terá de ser na receita, ou seja, mais
impostos sobre as já vítimas de um confisco predatório. Na lógica do FMI, sacar
mais dinheiro às famílias e tirar dinheiro à procura interna é tornar a
economia mais saudável. Mas neste país, em que a esmagadora maioria das
empresas e do emprego dependem da procura interna, a receita crua do FMI é uma
sentença de morte.
Há um vírus que ameaça a economia e a sobrevivência
do País: a quebra demográfica. De ano para ano, nasce cada vez menos gente. O
fenómeno agrava-se com a emigração massiva de jovens. Até o FMI alerta para o
facto de a emigração limitar o crescimento. Sem capital humano não há mais PIB.
Os funcionários públicos e reformados que ganham
pouco acima da média já notam que o duodécimo devolvido é levado pela subida do
IRS. O Estado dá com uma mão e saca com a outra.
Correio Manhã última hora, 20 Janeiro 2013
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