Anders Behring Breivik recusou, esta quarta-feira, dar pormenores sobre o grupo radical anti-muçulmano a que alegou pertencer, no terceiro dia do julgamento pelo assassínio de 77 pessoas, em julho, na Noruega.
Na audiência, os procuradores disseram acreditar que o chamado grupo dos "Cavaleiros do Templo" não existe "da forma como ele o descreve". Breivik insistiu que sim e disse que a polícia foi incapaz de o descobrir.
"Não é do meu interesse revelar pormenores que podem levar a detenções", disse.
A questão é importante para avaliar a sanidade mental de Breivik, de que vai depender a condenação a pena de prisão ou a internamento psiquiátrico pelo massacre que chocou a Noruega a 22 de julho.
Breivik alegou ter realizado os ataques em nome daquela organização, descrita num manifesto de 1.500 páginas que colocou na internet antes dos ataques, como um grupo nacionalista em luta contra a colonização muçulmana da Europa.
A procuradora Inga Bejer Engh pressionou o acusado a dar pormenores sobre o grupo, membros e reuniões. Breivik afirmou ter conhecido um "herói de guerra" sérvio exilado numa viagem à Libéria, em 2002, mas recusou identificá-lo, e acusou os procuradores de quererem pôr em dúvida a existência dos "Cavaleiros do Templo".
O principal argumento da sua defesa é evitar uma decisão de insanidade, para fazer valer o seu discurso político extremista.
Uma avaliação psiquiátrica considerou-o psicótico no momento dos ataques, mas uma outra concluiu o contrário, cabendo agora ao tribunal decidir se Breivik é criminalmente responsável.
Se for considerado responsável, Breivik pode ser condenado a uma pena de prisão máxima de 21 anos ou a uma pena alternativa de retenção de segurança, segundo a qual permanecerá detido enquanto for considerado uma ameaça. Se for considerado inimputável, será condenado a internamento psiquiátrico enquanto for considerado doente.
Breivik também recusou dar pormenores sobre o que afirmou ter sido a reunião fundadora dos "Cavaleiros do Templo", em Londres, em 2002. Admitiu ter exagerado no manifesto ao descrever os outros três membros presentes como "brilhantes estrategas políticos e militares europeus" e corrigiu-se, afirmando serem "pessoas de grande integridade".
Questionado pela procuradora se a reunião alguma vez se realizou ou foi inventada por ele, Breivik afirmou que a reunião foi feita e que não inventou nada, mas, noutro passo, afirmou que "nada é inventado, mas tudo tem de ser visto como tendo sido escrito num contexto de glorificação de certos ideiais".
Anders Behring Breivik está desde segunda-feira a ser julgado pelo ataque à bomba contra a sede do Governo norueguês e o tiroteio na ilha de Utoya, perto de Oslo, a 22 de julho do ano passado.
Os dois ataques causaram 77 mortos, principalmente jovens que participavam num acampamento da Juventude Trabalhista, na ilha de Utoya.
Jornal de Noticias de 18-4-2012
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