Público
- 21/03/2013 - 00:00
Indemnização
paga ao empresário Bernard Tapie, quando Lagarde era ministra das Finanças,
está a ser investigada
A
Justiça voltou ontem a cruzar-se na vida do número um do Fundo Monetário
Internacional. Depois de Dominique Strauss-Kahn, que acabou mesmo por deixar a
directoria-geral do FMI, foi a vez de a sua sucessora, a também francesa
Christine Lagarde, ver juízes e investigadores investigarem-lhe o passado.
Ontem pela manhã, quando Lagarde cumpria os passos de uma
deslocação oficial a Frankfurt, uma equipa judicial revistava-lhe o apartamento
em Paris. O objectivo de juízes e polícias de investigação era encontrar provas
de que a antiga ministra das Finanças de Nicolas Sarkozy abusou das suas
funções para beneficiar o empresário de Marselha Bernard Tapie.
O caso remonta a um processo de litigação entre Tapie e o banco
público Crédit Lyonnais ocorrido em 2007. Depois de o banco ter ficado com a
empresa de equipamentos desportivos Adidas, o empresário, conhecido pelos seus
negócios espectaculares, exigiu uma indemnização pela perda da companhia que
detinha.
Contra a opinião de especialistas, que entendiam que o processo
tinha de ser resolvido em tribunal porque envolvia uma entidade pública,
Lagarde optou pela constituição de uma comissão arbitral, que acabou por se
pronunciar a favor de uma indemnização de 420 milhões de euros a favor do
empresário. Apesar de muitos conselheiros terem defendido que Lagarde devia
optar por recorrer deste decisão, a então ministra não o fez.
Depois de ter feito buscas nas casas de Bernard Tapie e de
outros elementos ligados ao processo, a polícia decidiu agora procurar
documentação no apartamento parisiense de Christine Lagarde, cujo advogado já
disse que ela "não tem nada a temer".
Mas a investigação pode ir mais longe e abeirar-se do
ex-Presidente Nicolas Sarkozy, que, ainda recentemente, deu conta da intenção
de regressar à política. 0 empresário de Marselha é amigo de Sarkozy, que
apoiou nas eleições de 2007 e do ano passado, e foi recebido por ele, primeiro
como ministro do Interior e, depois, como chefe do Estado.
Mas, para além destes encontros, Sarkozy teve também na sua
agenda reuniões com, pelo menos, um dos membros da comissão arbitral que fixou
a indemnização que acabou por ser paga a Tapie.
Especialistas notavam ontem, em Paris, o facto de as buscas à
casa de Lagarde acontecerem apenas um dia depois de o ministro do Orçamento
francês ter sido obrigado a demitir-se por alegado envolvimento em fraude
fiscal.
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