Diário Notícias (terça-feira, 14 Agosto 2012)
O Governo de António Guterres decidiu, em 1998, comprar três ou quatro submarinos. O Governo de Durão Barroso reduziu a compra para dois. A compra foi adjudicada em 2003 pelo Ministério da Defesa, liderado por Paulo Portas, ao German Submarine Consortium (GSC).
A GSC fez o preço de 712 milhões de euros mais 133 milhões em logística. Total: 845 milhões?… Não. Portas pede desconto. A logística diminui para 57 milhões. Total: 769 milhões?… Sim e não.
O Estado procura financiamento. Um consórcio do BES e do Credit Suisse First Boston avança mas, na verdade, o Estado pagará, afinal, 1001 milhões de euros face às condições desse empréstimo.
Com a CSG o Governo entretanto negociara contrapartidas no valor del210 milhões de euros a realizar até este ano. Os alemães, segundo o JN, só cumpriram cerca de 31,5% dessa parte do contrato. Se não o fizerem pagarão ao Estado apenas 121 milhões de euros, o que, na realidade, é 700 milhões de euros mais barato do que assegurar as contraparidas em falta.
Na Alemanha dois gestores de uma das empresas do consórcio GSC confessam-se culpados, em troca de uma pena suspensa, de terem subornado responsáveis em Portugal e na Grécia na obtenção de vários negócios. O DN noticiou que no processo judicial alemão os corruptores confessos disseram que entregaram a Jürgen Adolff, cônsul honorário português em Munique (entretanto corrido), 1,6 milhões de euros. Jürgen contou às autoridades alemãs que manteve encontros com Durão Barroso, Paulo Portas e um assessor deste para discutir o tema. Os visados negaram ao DN esses contactos.
O Ministério Público português abriu investigação, liderada pela inevitável Cândida Almeida, em agosto de 2006. Do processo principal, seis anos depois, ela informa que espera resposta de cartas rogatórias enviadas para a Alemanha. Há três anos que ela espera.
De outro processo resultará um julgamento de burla e fraude fiscal que acusa sete portugueses e três alemães. Nenhum poderoso.
De um processo lateral, instaurado a um advogado que assessorou o negócio, resultou o arquivamento e a conclusão, escrita em despacho citado pelo JN, de que desapareceram documentos do Ministério da Defesa relativos à intervenção da equipa de Paulo Portas no negócio.
O departamento de Cândida Almeida, que se saiba, ainda não manifestou interesse em ouvir o atual ministro dos Negócios Estrangeiro ou o presidente da Comissão Europeia. É coerente. Afinal, também nunca quis ouvir José Sócrates sobre o caso Freeport. Fiquemos, portanto, descansados.
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