Por: Rui Cardoso, Presidente do Sindicato dos
Magistrados do Ministério Público
Como se não existissem já motivos de
sobra para ninguém o esquecer, o Conselheiro Pinto Monteiro não quis deixar a
Procuradoria-Geral da República sem causar estragos adicionais, afirmando que o
processo Freeport foi um processo político, que o MP está politizado e que a PJ
realiza escutas ilegais, o que, se fosse verdade, seria gravíssimo.
Se assim o
pensa ou se alguma coisa efectivamente sabe, o que fez para o impedir? Nada.
Queixa-se de não ter conseguido fazer o que queria, mas as únicas ideias que
lhe foram conhecidas visavam apenas o reforço dos seus próprios poderes, que já
eram maiores do que os dos seus antecessores. Conseguiu que não o demitissem,
mas não era necessário: ele próprio se demitiu das suas mais primaciais
funções.
Aquelas
afirmações não têm fundamento e mais não fazem que manchar a honra dos
magistrados do MP e dos inspectores da PJ, e descredibilizar as investigações
criminais por eles realizadas. Claro que não todas: só as que visam crimes
praticados por quem verdadeiramente tem o poder político ou económico.
Péssimo
legado de um pobre reinado. A história é sempre advertência para o futuro: há
perfis que não devem ser repetidos.
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