O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, defendeu este domingo no
Algarve que a "promiscuidade entre o capital e membros do Governo" é
"o pior que a política tem" e pediu a demissão de todo o executivo,
não só de um governante.
"No plano das demissões no Governo, não basta demitir um secretário de
Estado. Ninguém acredita que este ou aquele secretário de Estado tenha sido
colocado à revelia do primeiro-ministro, que é tão responsável como o
secretário de Estado do Tesouro, como a Ministra das Finanças ou como o
ministro dos Negócios Estrangeiros. O problema de fundo está na necessidade de
derrotar o Governo, não às pinguinhas, mas definitivamente, no seu
conjunto", afirmou o Jerónimo de Sousa.
O dirigente do PCP falou aos jornalistas após discursar num almoço convívio
do partido em Monte Gordo, concelho de Vila Real de Santo António, onde costuma
estar todos os anos em meados de agosto.
Jerónimo de Sousa disse que, "quando se zangam as comadres e os
compadres, descobrem-se as verdades" e "nesta questão dos swaps os
portugueses assistem a este espetáculo degradante de tentativa de
responsabilização sempre do outro, mas do qual se pode concluir que tanto este
Governo como o anterior têm responsabilidades que continuam por
esclarecer".
O secretário-geral comunista sublinhou que "quem sai mais maltratado
disto são os portugueses, porque vão ter que pagar esses negócios ruinosos que
foram feitos", frisando que "a própria democracia" sai também
prejudicada do escândalo da compra de 'swaps' pelo Estado.
Para o Jerónimo de Sousa, "esta transição que se faz de consultor,
diretor ou administrador para um cargo do Governo, para depois fazer um negócio
e voltar outra vez a esses bancos e grupos financeiros, é de facto o que a
política tem de pior de promiscuidade e de defesa dos interesses dos poderosos,
com o desfavorecimento e o prejuízo para a maioria do povo português".
Questionado sobre as notícias que dão conta de o atual ministro dos
Negócios Estrangeiros, Rui Machete, ter comprado ações do BPN a metade do preço
do valor pago pela Fundação Luso-Americana, Jerónimo de Sousa respondeu que
"é mais um episódio que se torna pequeno" perante todo o caso que já
fez os portugueses pagarem "milhares de milhões" de euros e
"mais um exemplo simbólico de até onde chegou a política destes governos
sucessivos que têm governado ou desgovernado o país".
O dirigente do PCP criticou ainda os cortes "brutais" que o
Governo está a preparar para o próximo orçamento do Estado que "vão
infernizar a vida aos portugueses com menos saúde, menos educação e proteção
social, mantendo intactos os interesses e os lucros daqueles que são os
principais responsáveis pela crise".
Jornal de Notícias, 11 Agosto 2013
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