quarta-feira, 7 de março de 2012

Relato da procuradora incomoda colegas


À divulgação da confissão do homicida de Beja na televisão
ALGUNS membros do Conselho Superior do Ministério Público mostraram-se perturbados com as declarações da procuradora de Beja à RTP acerca do autor do triplo homicídio. Questionam se houve violação do direito de reserva a que são obrigados juízes e magistrados. Para já, a inquietação interna não saiu dos bastidores e não se transformou em inquérito.
Quem o garante é o procurador Pinto Monteiro, que aproveita para sublinhar que a ida à televisão foi devidamente autorizada. Dependerá da próxima reunião do CSMP a hipótese de qualquer tipo de iniciativa de averiguações.
A procuradora Maria José Martinho relatou diante das câmaras detalhes da confissão de Francisco Esperança; não se coibindo de fazer apreciações sobre o comportamento do arguido. Há quem considere que falou de mais. Ora, um magistrado não deve pronunciar-se sobre um processo em curso, explica o advogado Carlos Pinto Abreu. A favor da magistrada estarão os argumentos de ter tido a bênção do procurador, o provável arquivamento do processo e o facto de já não poder prejudicar envolvidos. Estão mortos. Quando um processo está pendente, o caso assume outra figura.
O que mais chocou o psicólogo Rui Abrunhosa Gonçalves, da Universidade do Minho, foram as análises “impressionistas” da magistrada, que “podem induzir em erro. São interpretações de senso comum”. A magistrada avaliou-o como um sujeito tranquilo, capaz de, aparentemente, dar explicações lógicas para o ato cometido.
Jornal de Notícias 2012-03-07

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