O
guião dos pecados da Justiça é conhecido: leis desadequadas à realidade (sem
efeito dissuasor dos crimes que a cada momento mais prejudicam a sociedade);
lentidão (prescrições que deixam criminosos sem castigo); desigualdade (forte
com os fracos e fraca com os fortes); corporativa (o autogoverno tende a
desculpar o erro e a justificar a negligência). É este caldo de
irresponsabilidade diligentemente cozinhado nos últimos vinte anos por
sucessivos governos – que permite a pavões como Vale e Azevedo passearem alegremente nos mais
finos bairros de Londres e a tarados como Miguel Forte acreditarem que podem
impunemente abusar sexualmente de crianças.
O ex-presidente do Benfica ri-se da inépcia da
Justiça portuguesa – que o deixou sair do País sem conseguir julgá-lo por todos
os crimes de que era acusado e, pelos vistos, vai deixá-lo em paz por mais sete
milhões metidos ao bolso. Mais do que inépcia, o caso do pedófilo Miguel Forte
revela pura negligência do juiz que o libertou da primeira vez que foi detido.
A nossa Justiça é assim: incorrigível.
MANUEL CATARINO
Correio
Manhã, 20 Setembro 2012
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