Cristina
Oliveira da Silva
As pensões
iniciadas a partir de amanhã terão um corte de 4,78%.
Esta
redução, já noticiada pelo Diário Económico, resulta do factor de
sustentabilidade, um mecanismo que liga o valor das novas pensões à esperança
média de vida apurada pelo Instituto Nacional de Estatística. De acordo com uma
portaria publicada hoje em Diário da República, o valor do factor de
sustentabilidade, em 2013, é de 0,9522, relacionando os dados de 2006 com os de
2012.
Quer
isto dizer que as pensões iniciadas em 2013 terão uma redução de 4,78%, que
abrange tanto o regime da Segurança Social como o regime convergente da Caixa
Geral de Aposentações.
Este
valor já tem em conta os resultados do Censos 2011, que actualizaram os valores
da esperança de vida aos 65 anos de anos anteriores. Ainda assim, esta revisão
não terá impacto nas pensões já atribuídas.
Para
compensar o corte do factor de sustentabilidade, é preciso descontar mais ao
longo da carreira activa para regimes complementares ou trabalhar mais tempo.
Em 2013, quem tem 65 anos de idade e conta com uma carreira de descontos
completa (40 e mais anos) terá de trabalhar mais cinco meses se não quiser ter
um corte no valor da reforma. Isto porque a lei prevê uma taxa de bonificação
mensal, nestes casos, de 1%.
O tempo
de trabalho aumenta à medida que descem os anos de contribuições. Quem descontou
entre 35 e 39 anos tem de trabalhar mais oito meses e quem conta entre 25 e 34
anos de contribuições, tem mais 10 meses pela frente. Mas quem só descontou
entre 15 e 24 anos terá de prolongar a carreira activa por mais 15 meses para
compensar a redução. Neste caso, só poderá abandonar o mercado de trabalho aos
66 anos e três meses.
Recorde-se
que o factor de sustentabilidade foi a alternativa encontrada (pelo então
ministro do Trabalho Vieira da Silva) ao aumento da idade legal da reforma. Os
cortes são progressivamente mais elevados, obrigando as pessoas a trabalhar
mais ou a receber menos. Em 2008, a quebra foi de 0,56%, aumentando para 1,32%
em 2009, 1,65% em 2010 e 3,14% em 2011. Em 2012, o corte voltou a crescer para
3,92% e em 2013 será de 4,78%.
Este
mecanismo também se aplica às pensões antecipadas mas, no caso da Segurança
Social, este regime está aberto apenas a desempregados de longa duração. Os
restantes trabalhadores estão impedidos de passar à reforma antes dos 65 anos.
Já a função pública continua a aceitar reformas antecipadas.
Económico,
1-1-2013
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